A evolução biológica é lenta, depende de mutações, que são raras, da genética, da transmissão vertical, enquanto que a evolução cultural é muito mais rápida, contagiosa e se transmite tanto verticalmente quanto horizontalmente.
Não é que o homem tenha parado de evoluir, mas a evolução natural se tornou irrelevante frente aos avanços da medicina, por exemplo, que trata indivíduos que no passado morreriam. Então, o futuro evolutivo não vai depender da biologia, mas da cultura. Vivemos num mundo que não tem nada de natural.
Mas as alterações drásticas no ambiente registradas nos últimos mil anos,especialmente nos últimos 500 anos não impactam só a biologia humana mas o próprio planeta, com conseqüências para a humanidade que talvez a evolução cultural não possa contornar.
Alteramos demais o meio ambiente. Essa degradação tem um preço, como a eliminação de espécies. Vivemos na crença de que somos o ápice da evolução, o que é a maior mentira.Darwin mostrou que somos mais uma espécie, não necessariamente especial.Se olharmos a escala de tempo no planeta, os humanos acabaram de chegar.Talvez sejamos só mais uma das espécies que não deram certo.
A humanidade faz parte de uma rede de vida na Terra. Não podemos abusar ou vamos determinar nossa própria extinção.
No caminho oposto ao da extinção, o surgimento de uma nova espécie humana tampouco pode ser descartado.A especiaação é uma conseqüência previsível para as populações que crescem demais. Como somos 6 bilhões, isso pode ocorrer.
Na espécie humana há diferentes espécies potenciais. Só não temos muitas surgindo porque, para isso, teríamos que ter dois indivíduos ou uma linhagem compatível entre si e incompatível com a original. – Analisa Claudia Russo, chefe do departamento de genética da UFRJ.
Ela diz que até 20% dos casais são incompatíveis do ponto de vista reprodutivo.Ou seja, não são inférteis mas, por alguma razão, são incapazes de procriar juntos.O inverso, portanto, poderia ocorrer: indivíduos inférteis com o resto da população, mas fértil com uma determinada outra pessoa que tivesse uma mutação similar.
Que isso existe eu não tenho dúvida. Mas essas duas pessoas dificilmente vão se encontrar – Afirma Cláudia- Mas se, por alguma razão, houver uma mutação em que um seja capaz de distinguir o outro eles poderão se unir e ter filhos incompatíveis com o restante da população. Claro que estou falando em tempo geológico, em milhares de anos. Mas, se não destruirmos o planeta antes, isso poderia acontecer.
Fonte:Jornal O Globo, 29/06/2008.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
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