
No Espírito Santo, as cirurgias de lipoaspiração foram canceladas e os aparelhos usados nesse tipo de operação serão substituídos. E os médicos avisam: a contaminação pode ser muito maior do que se imagina.
Mas que bactéria é essa? Placas verdes são colônias de Mycobacterium abscessus, um microorganismo parente do bacilo da tuberculose. A micobactéria contamina o instrumento que suga a gordura na lipoaspiração, chamado "cânula", e causa uma violenta infecção.
Ano passado, uma bactéria da mesma família causou no Brasil um surto sem precedentes.
“Nunca houve no mundo a identificação de um número de casos tão grande causados por um mesmo patógeno”, aponta a pneumologista, Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz (Firocruz).
A Mycobacterium massiliense atacou mais de 2 mil pacientes de videocirurgias em todo o país.
“Por reuso de material descartável, por má utilização dos mecanismos de limpeza e esterilização”, diz a pneumologista.
Hospitais do estado foram multados em até R$ 50 mil por falhas na limpeza de equipamentos cirúrgicos.
“Na época, descobriu-se que a bactéria era resistente à solução usada para esterilizar o material de videocirurgia”, lembra o infectologista Reynaldo Dietze, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou mudanças nos procedimentos de limpeza, e o surto foi controlado. Agora, a epidemia causada pela outra micobactéria – aquela que vem aparecendo nas cirurgias de lipoaspiração – pode ter a mesma origem: instrumentos mal esterilizados.
“Este é um equipamento que é utilizado em esterilização de determinados materiais, como é o caso das cânulas de lipoaspiração”, mostra o infectologista. Dentro de uma espécie de estufa, a temperatura pode chegar a mais de 300ºC. Mas... “Se ele não atingir a temperatura adequada, ele não vai esterilizar”, alerta Reynaldo Dietze.
Por ano, no Brasil, são realizadas pelo menos 100 mil lipoaspirações. E a notícia de contaminação por bactéria alterou a programação de um congresso que reuniu quase 1 mil cirurgiões este fim de semana no Rio de Janeiro. A Anvisa foi convocada às pressas e alertou os médicos sobre os cuidados com a limpeza do equipamento.
“A recomendação é que todos os médicos agora verifiquem o estado das suas cânulas”, orienta o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Tariki.
No Espírito Santo, a Secretaria de Saúde já anunciou: os instrumentos usados em cirurgias de lipoaspiração serão trocados.
“Tudo novo para que a gente possa ter, de fato, essa segurança tão desejada”, diz o secretário de Saúde do Espírito Santo, Anselmo Tozi.
E atenção, cirurgiões do Rio de Janeiro: “Nós vamos recomendar que os médicos que têm esse material com mais de cinco anos de uso, que troquem, que comprem material novo, para prevenção”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica do Rio de Janeiro, Sérgio Levy.
A micobactéria se transformou num pesadelo sem fim para as vítimas.
É um tratamento difícil, longo, caro e penoso para o paciente.
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