A receita para emagrecer da comerciante Maria das Graças Barbosa Netto, de 48 anos, inclui jantar balanceado, na mesma medida do almoço. O que para muitos poderia parecer um exagero, para ela funciona como uma estratégia inteligente de perda de peso, na qual são preservadas necessidades nutricionais e sensação de saciedade, além de evitar o comportamento beliscador, que muitas vezes acomete quem deixa de fazer uma refeição adequada à noite.
"A decisão de abolir o jantar da dieta, considerando que fazer um lanchinho pode ser mais light, é um equívoco comum", comenta a endocrinologista e nutróloga Ellen Simone Paiva, do Centro Integrado de Terapia Nutricional, de São Paulo. Segundo ela, com a dificuldade de se fazer uma dieta balanceada, as pessoas acabam preferindo não comer. E é aí que pode estar a raiz dos problemas que impedem muita gente de emagrecer.
Na prática clínica, a médica tem observado que a maioria das pessoas que procura especialistas para tratamento da obesidade é composta por pacientes que apresentam consumo alimentar noturno inadequado. Muitas vezes, depois de um dia inteiro de refeições bem equilibradas e em quantidades adequadas, põem tudo a perder quando chegam em casa.
O descontrole nem sempre pode ser encarado como fraqueza ou simples desorganização dos hábitos alimentares. É bem provável que se trate de uma das doenças modernas que mais vêm fazendo vítimas em todo o mundo - a síndrome do comer compulsivo noturno.
Caracterizada pelo hábito de comer qualquer tipo de alimento em grande quantidade, a síndrome também leva os portadores a quadros de comprometimento do sono e ao aparecimento de problemas como pressão alta, diabetes etc.
Os que não se enquadram nessa categoria fazem parte do grupo que ela chama de beliscadores. Normalmente, são pessoas que não conseguem fazer um planejamento para o jantar. Comem pequenas quantidades de alimentos, porém, repetidas vezes. Não têm apetite para uma refeição completa, mas também não estão saciados para evitar múltiplos beliscos. "Elas comem assistindo à televisão, na frente do computador, lendo ou conversando. Nem sequer têm noção do volume de alimentos que estão ingerindo e a quantidade calórica, quase sempre, é muito superior à de um jantar", afirma.
É por isso que ela considera que o hábito de jantar assegura vários benefícios à saúde. Em primeiro lugar porque se trata de uma refeição bem definida. A sensação de saciedade é mais fácil de ser obtida e isso evita o comportamento do comer compulsivo ou inconsciente. O jantar também pode ser garantia de melhor qualidade do sono e é um caminho para que a pessoa atinja as recomendações nutricionais impossíveis de serem alcançadas só beliscando ou lanchando à noite.
Para a especialista, uma refeição noturna deve conter 25% do valor calórico ingerido no dia, o que representa algo em torno de 400 calorias, para um adulto. A quantidade de carboidrato, como nas demais refeições, deve compor 50% desse valor.
Seguindo essa orientação, Maria das Graças já perdeu três dos seis quilos que desejava eliminar. Com uma dieta que inclui seis refeições diárias, ela não deixa de privilegiar o jantar e acredita que o processo de emagrecimento se torna mais saudável, quando se consegue equilibrar gasto e consumo calórico, mantendo o metabolismo basal alto durante todo o dia. "O jantar pode e deve ser feito na mesma quantidade do almoço. Com essa refeição, sinto que estou alimentada na medida certa. Não me sinto empanturrada, nem com fome", afirma.
FONTE: JORNAL O ESTADO DE MINAS
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